sábado, 31 de março de 2012

O apego às nossas ideias e o sofrimento...

Não estamos acostumados com a
impermanência das coisas. Pensamos o mundo, as coisas e os seres que aqui se
encontram como eternos e imutáveis. A lei da natureza é a transformação, é o
movimento. Nada está parado. As situações mudam, os serem envelhecem, morrem.

Sofremos pois nos apegamos às situações passadas, à momentos de felicidade que passaram. Nunca pensamos no ... agora. Essa “falta de concentração” nos traz muito
sofrimento.

Apegamo-nos a algo que não existe mais ou que ainda não chegou a existir. O fato de não termos o controle sobre as situações nos deixa sem norte.

Ficamos tristes ou raivosos quando as coisas não saem conforme o planejado. Não temos o controle sobre o que tem de ser e ocultamos de nós mesmos o fato de que
colhemos o que plantamos. Devemos viver conforme as mudanças, tendo sempre em mente um plano A, um plano B e C e D. Assim, devemos levar em conta sempre que as coisas se transformam e que não devemos sofrer com isso. Temos de estar aptos à mudanças, temos de estar o menos apegados aos nossos planos, às nossas ideias e aos nossos desejos. Afinal, somos feitos de que? Somos feitos apenas de nossos planos e desejos? Devemos nos tornar amargos por não conseguir o que queremos?

Já pensamos que, muitas vezes, as pessoas tomam um objetivo e lutam por ele até
o fim, e quando o alcançam, não ficam felizes ou satisfeitas pois percebem que a
felicidade não está nisso? Deixaram de ser felizes no agora para serem felizes no amanhã. Vale o sacrifício? Quem garante o amanhã?

Não pensamos no seguinte: quanto mais apto eu for em mudar meus planos ou de não ficar frustrado pelas circunstâncias que mudam, mais tranquila será a minha caminhada por esse mundo de mudanças. Viva a vida, sinta o agora em seu corpo, em sua mente. Deixe que as coisas tomem seu fluxo natural, que é a mutabilidade.


M.V.A.
Imagens: google.com
Fonte: Comunidade "Gotas de Sabedoria"
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=22310526


sexta-feira, 30 de março de 2012

Eu tenho meu lado

"Eu tenho meu lado carinhoso. Tenho um lado estressado. Tenho um lado preguiçoso. Tenho meu lado engraçado. Tenho um lado irônico. Tenho um lado insuportável. Tenho um lado amável. E cada um tem o meu lado que merece"



Autoria desconhecida
Imagens: google.com


Desapegue-se do passado

As pessoas concentram-se demasiadamente nos acontecimentos passados. Continuam ligadas a estes fatos, atraindo muita coisa negativa ao seu mundo. Reconheces, amado amigo, que com isto te ligas automaticamente com todas as vibrações deste tempo passado e assim o passado sempre retorna e preenche a tua consciência.

Vamos combater este velho hábito com energia. O Templo da Chama Violeta tem seus portões sempre abertos e não existe espaço para as coisas do passado. Quando vens para cá, estás na eterna e atual irradiação violeta que dissolve tudo que te liga a lembranças negativas do passado - isto deve ser feito! Permite que isto aconteça e não avives as velhas lembranças! Elas transmitem suas vibrações negativas ao presente e terás que dissolvê-las novamente.

Este costume dos homens contribuiu muito para o estado atual das coisas na Terra. Fala destas leis a todos que consigam absorvê-las, já que cada um, em separado, é responsável pelo que acontece hoje em dia.

Muitas vezes Já fizemos um serviço de purificação extra para ti, mas ainda continuas carregando cargas que levam a longos tempos passados.

A Chama Violeta foi dada aos homens desta época para neutralizar o mal. É a grande possibilidade de dissolver o acumulado carma negativo dos homens e libertar o mundo dos poderes da treva. Esta grande chance não houve em tempos passados para alunos não ascensionados. Porém neste tempo de vibração em aceleração torna-se necessário usar as forças purificadoras com intensidade para que o grande avanço a ser realizado por todo o sistema solar encontre a humanidade preparada.




Mensagem de: St Germain
Do livro Regras de Ouro


quinta-feira, 29 de março de 2012

Como aumentar o amor no coração

Ninguém muda ninguém; ninguém muda sozinho; nós mudamos nos encontros. Simples, mas profundo, preciso. É nos relacionamentos que nos transformamos. Somos transformados a partir dos encontros,desde que estejamos abertos e livres para sermos impactados pela idéia e sentimento do outro.

Você já viu a diferença que há entre as pedras que estão na nascente de um rio, e as pedras que estão em sua foz?

As pedras na nascente são toscas, pontiagudas, cheias de arestas. À medida que elas vão sendo carregadas pelo rio sofrendo a ação da água e se atritando com as outras pedras, ao longo de muitos anos, elas vão sendo polidas, desbastadas.

Assim também agem nossos contatos humanos. Sem eles, a vida seria monótona, árida. A observação mais importante é constatar que não existem sentimentos, bons ou ruins, em a existência do outro, sem o seu contato.

Passar pela vida sem se permitir um relacionamento próximo com o outro, é não crescer, não evoluir, não se transformar.

É começar e terminar a existência com uma forma tosca, pontiaguda, amorfa. Quando olho para trás, vejo que hoje carrego em meu ser várias marcas de pessoas extremamente importantes.

Pessoas que, no contato com elas,me permitiram ir dando forma ao que sou, eliminando arestas, transformando-me em alguém melhor, mais suave, mais harmônico, mais integrado.

Outras, sem dúvidas, com suas ações e palavras me criaram novas arestas, que precisaram ser desbastadas

Faz parte... Reveses momentâneos servem para o crescimento. A isso chamamos experiência. Penso que existe algo mais profundo, ainda nessa análise. Começamos a jornada da vida como grandes pedras, cheia de excessos.

Os seres de grande valor, percebem que ao final da vida, foram perdendo todos os excessos que formavam suas arestas, se aproximando cada vez mais de sua essência, e ficando cada vez menores, menores, menores...

Quando finalmente aceitamos que somos pequenos, ínfimos, dada a compreensão da existência e importância do outro, e principalmente da grandeza de Deus, é que finalmente nos tornamos grandes em valor.

Já viu o tamanho do diamante polido, lapidado?

Sabemos quanto se tira de excesso para chegar ao seu âmago. É lá que está o verdadeiro valor... Pois, Deus fez a cada um de nós com um âmago bem forte e muito parecido com o diamante bruto, constituído de muitos elementos, mas essencialmente de amor.

Deus deu a cada um de nós essa capacidade, a de amar... Mas temos que aprender como. Para chegarmos a esse âmago, temos que nos permitir, através dos relacionamentos, ir desbastando todos os excessos que nos impedem de usá-lo, de fazê-lo brilhar

Por muito tempo em minha vida acreditei que amar significava evitar sentimentos ruins. Não entendia que ferir e ser ferido, ter e provocar raiva, ignorar e ser ignorado faz parte da construção do aprendizado do amor.

Não compreendia que se aprende a amar sentindo todos esses sentimentos contraditórios e... os superando. O amor também é aprendido.

Ora, esse sentimentos simplesmente não ocorrem se não houver envolvimento... E envolvimento gera atrito.

Minha palavra final: ATRITE-SE!

Não existe outra forma de descobrir o amor. E sem ele a vida não tem significado.



Por: Roberto Crema.
Imagens: google.com


quarta-feira, 28 de março de 2012

Chá de Camomila

Os benefícios do chá de camomila são vários, e trata-se de uma bebida muito consumida antes de dormir. A explicação disso radica nas propriedades sedativas desta planta medicinal. É especialmente efetiva para controlar os nervos, e seu uso em crianças é altamente eficiente, especialmente em crianças hiperativas que têm dificuldades na hora de controlar as suas emoções..

É conhecida a eficácia deste chá em casos de pessoas com problemas de articulação como o reuma, e alivia os sintomas da gripe ou outras doenças respiratórias como o asma. Neste último caso é possível consumir o chá ou aplicar a planta em forma de vapor..

Se você está sofrendo de problemas como indigestão ou com o fígado, é bom beber um chá de camomila após as refeições para ter uma boa digestão..

Para preparar o chá de camomila tudo o que você terá que fazer é ferver um copo de água e colocar nele umas duas colherzinhas de flores de camomila, cubra e deixe pousar durante 10 minutos. Após isso você poderá ter a certeza de que estará bebendo todas as propriedades da camomila..

A camomila é uma planta muito conhecida e utilizada, tanto aqui no Brasil como em outros países, sendo considerada uma planta medicinal, atuando de diversas formas no organismo e possuindo grande importância para a saúde e estética.

A flor da camomila possui um perfume bem agradável e ela apresenta semelhança às flores da margarida. O que muitos não sabem é da necessidade de que sua colheita seja antes que estejam completamente desenvolvidas para que seus benefícios se tornem mais eficazes.

A composição da camomila é formada por tanino, cânfora, ácido anêmico e um óleo essencial escuro muito utilizado no tratamento da gota, problemas de circulação, reumatismo e inflamações. Esta flor pode ser usada dentro do travesseiro no combate a insônia, estresse e ansiedade devido a seu papel calmante natural.




Fonte: http://www.outramedicina.com/

Imagens: google.com






Palavra falada

O som é o mais sublime dos poderes. Pela palavra falada, damos vida ao que está inanimado. O mantra (palavra ou sílaba, falada ou cantada em certo ritmo e tonalidade) tem o poder de materializar no mundo da forma as forças que estão latentes em outros planos, invisíveis ao ser humano.

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus...(João 1, 1-2). Pelo poder da Palavra Criadora, tudo que existe no mundo da forma foi construído por DEUS-PAI-MÃE e os seus auxiliares, os iluminados (Logos Solares, Elohins, Mestres Ascensionados, Arcanjos, Anjos, etc).

O universo foi criado, juntamente com tudo que nele existe, pelo poder do som. Pelo poder do som o homem foi criado e pelo poder do som criamos e recriamos, construímos, preservamos, renovamos ou destruímos um futuro melhor. O som é vida e criação.

Se todos pudessem ver o efeito atrativo e magnético da palavra falada no mundo da forma e nos planos sutis, empregariam melhor as palavras no cotidiano.

Quando reconhecemos o poder da palavra, damos um passo para o entendimento da Magia do Verbo. Cada som, palavra falada ou cantada, faz vibrar átomos e forças nos planos sutis (latente, invisível) tornando-se uma ordem para que aconteça no mundo da forma o que foi invocado. O som é poderoso porque é a materialização das cores que existem no Cosmo, emanadas de DEUS-PAI-MÃE.”


Como estamos desenvolvendo um tema sobre o amor, para ler em voz alta:

EU SOU o amor que preenche o meu mundo material.

EU SOU o amor que a tudo compreende.

EU SOU o amor ilimitado que me une a toda criação divina.

EU SOU a oportunidade amorosa de caminhar na luz.

EU SOU reconhecendo o amor em todos os seres.

EU SOU sustentando o amor e harmonia entre anjos, homens e elementais.

EU SOU estabelecendo para a Terra o Seu plano de Amor.

EU SOU, EU SOU, EU SOU.

Quiz colocar uma explicação para as palavras EU SOU grifadas. Se repararem nos Evangelhos onde Jesus ensina, quase todas as frases ele começa com EU SOU. Exemplo:
"Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida".

Com isso ele não estava dizendo exatamente que ele é e sim que o Eu Sou é porque Eu Sou é o nome de Deus.

Quando Moisés perguntou o nome da pessoa que estava na sarça ardente e que mandava recado para o povo judeu, ele respondeu: diga que Eu Sou o que Eu Sou. O nome é Eu Sou e por isso a pessoa deve tomar muito cuidado quando ao se referir a si mesmo com uma qualidade negativa começando com a palavra Eu Sou. Eu Sou é Deus.




Extraído do livro: A Hierarquia dos Iluminados -
Os portadores da Luz Azul
Por: Narcy C. Fontes, Editora
Fonte: http://webnaluz.forumbom.com/




domingo, 25 de março de 2012

Pessoas do Bem e do Mal

Ao longo dos anos fui percebendo algumas características negativas presentes nas pessoas que prejudicam muito a sociedade em que vivemos.

Com a vivência e a experiência, passei a classificar as pessoas de acordo com aquilo que elas transmitem, fazem ou a maneira que agem. Hoje acredito existir dois grupos de pessoas. As do bem, que são aquelas otimistas, que criticam com fins construtivos, são honestas, trabalhadoras, contribuem com aquilo que tem a oferecer, elogiam, acreditam, apóiam, procuram passar mensagens positivas e auxiliar na resolução dos problemas e dos conflitos. Já o grupo do mal é formado por pessoas que criticam a tudo e a todos, mentem, difamam, desacreditam, são pessimistas, desonestas, não gostam de trabalhar, procuram levar vantagem em tudo e, sobretudo, temem o sucesso das pessoas do grupo do bem.

Constata-se com facilidade que o grupo do mal é composto em sua maioria por pessoas fracassadas em suas vidas privadas, em sua atuação profissional, tendo famílias desestruturadas, acreditando, nada ter a oferecer à sociedade, vivendo suas vidas à espreita daquilo que é normal no convívio entre as pessoas.

Já as pessoas do bem, geralmente são mais felizes, suas famílias tem boa convivência, gozam de boa reputação, são bem sucedidas em suas atividades profissionais e pessoais, atuam auxiliando programas sociais e querem que a sociedade evolua tornando-se cada dia mais saudável e produtiva.

No campo profissional, o convívio com as pessoas do mal é algo extremamente desgastante. Constantemente criticam as tentativas, os projetos e as ações. Procuram manipular opiniões e pessoas com mentiras e picuinhas visando desestabilizar sua produtividade e a reputação de seus trabalhos.

No entanto, o convívio com o grupo do bem no âmbito profissional é algo extremamente prazeroso, possibilitando o aumento dos bons resultados, gerados através do trabalho, de programas, e de ações colocadas em prática com comprometimento e vontade de realizar. São colaboradores natos, exigindo em contrapartida apenas o reconhecimento merecido.

Difícil mesmo é aturar dentro do grupo do mal os habilidosos em fofoca. Este sim é o grupo mais prejudicial! São em sua maioria os incompetentes por natureza.

Ideal se pudéssemos criar o “malódromo”, um lugar para depositar as pragas de nossa sociedade, os maldosos e os incompetentes. Como não podemos, criar tal instituto, devemos colocá-los cada vez mais de lado, na esperança de que algum dia se esforcem para agir como as pessoas do bem, para quem sabe, ter algum lugar de prestígio no meio social e possivelmente reconhecimento por aquilo que produziram de proveitoso.




Por: José Rodrigo de Almeida
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A Arte de não adoecer***

Se não quiser adoecer – “Fale de seus sentimentos”.

Emoções e sentimentos que são escondidos, reprimidos, acabam em doenças como: gastrite, úlcera, dores lombares, dor na coluna. Com o tempo a repressão dos sentimentos degenera até em câncer. Então vamos desabafar, confidenciar, partilhar nossa intimidade, nossos segredos, nossos pecados. O diálogo, a fala, a palavra, é um poderoso remédio e excelente terapia.

Se não quiser adoecer – “Tome decisão”

A pessoa indecisa permanece na dúvida, na ansiedade, na angústia. A indecisão acumula problemas, preocupações, agressões. A história humana é feita de decisões. Para decidir é preciso saber renunciar, saber perder vantagem e valores para ganhar outros. As pessoas indecisas são vítimas de doenças nervosas, gástricas e problemas de pele.

Se não quiser adoecer – “Busque soluções”

Pessoas negativas não enxergam soluções e aumentam os problemas. Preferem a lamentação, a murmuração, o pessimismo. Melhor é acender o fósforo que lamentar a escuridão. Pequena é a abelha, mas produz o que de mais doce existe. Somos o que pensamos. O pensamento negativo gera energia negativa que se transforma em doença.

Se não quiser adoecer – “Não viva de aparências”

Quem esconde a realidade finge, faz pose, quer sempre dar a impressão que está bem, quer mostrar-se perfeito, bonzinho etc., está acumulando toneladas de peso… uma estátua de bronze, mas com pés de barro. Nada pior para a saúde que viver de aparências e fachadas. São pessoas com muito verniz e pouca raiz. Seu destino é a farmácia, o hospital, a dor.

Se não quiser adoecer – “Aceite-se”

A rejeição de si próprio, a ausência de auto-estima, faz com que sejamos algozes de nós mesmos. Ser eu mesmo é o núcleo de uma vida saudável. Os que não se aceitam são invejosos, ciumentos, imitadores, competitivos, destruidores. Aceitar-se, aceitar ser aceito, aceitar as críticas, é sabedoria, bom senso e terapia.

Se não quiser adoecer – “Confie”

Quem não confia, não se comunica, não se abre, não se relaciona, não cria liames profundos, não sabe fazer amizades verdadeiras. Sem confiança, não há relacionamento. A desconfiança é falta de fé em si, nos outros e em Deus.

Se não quiser adoecer – “Não viva sempre triste”

O bom humor, a risada, o lazer, a alegria, recuperam a saúde e trazem vida longa. A pessoa alegre tem o dom de alegrar o ambiente em que vive. “O bom humor nos salva das mãos do doutor”. Alegria é saúde e terapia.



Por: Dr. Dráuzio Varella
Imagens: google.com



A Inteligência multifocal

Inteligência multifocal refere-se à teoria de auto-ajuda sobre a construção dos pensamentos desenvolvida pelo escritor e psiquiatra Dr. Augusto Cury.

Esta teoria se aplica às principais funções da inteligência humana, buscando desvendar o complexo funcionamento da mente humana. Destacam-se dez dessas funções:

1 - A arte de amar e valorizar a vida

2 - A arte de apreciar o belo

3 - A arte de pensar antes de agir

4 - A arte de expor e não de impor as idéias

5 - A arte de ser solidário

6 - A arte de gerir os pensamentos dentro e fora dos conflitos

7 - A arte de se colocar no lugar dos outros

8 - A arte de manter o espírito empreendedor

9 - A arte de trabalhar perdas e frustrações

10 - A arte de colaborar em equipe


Obras:

• Revolucione sua qualidade de Vida
• A ditadura da beleza e a revolução das mulheres
• O futuro da humanidade
• Você é Insubstituível
• Nunca desista de seus sonhos
• Pais brilhantes, professores fascinantes
• Filhos brilhantes, alunos fascinantes
• Análise da Inteligência de Cristo
• Inteligência multifocal
• Doze semanas para mudar uma vida
• Superando o cárcere da emoção
• Dez Leis para Ser Feliz
• Seja Líder de Si Mesmo,
• Os Segredos do Pai-Nosso
• A sabedoria nossa de cada Dia: Os segredos do Pai-Nosso 2
• O Vendedor de Sonhos
• Escola da Vída: Harry Potter no Mundo Real
• Treinando a emoção para ser feliz
• Maria, a maior educadora da História


O autor é pesquisador na área de qualidade de vida e desenvolvimento da inteligência, abordando a natureza, a construção e a dinâmica da emoção e dos pensamentos.


Empreendeu ao longo de mais de 17 anos uma teoria original sobre o funcionamento da mente humana. Em Inteligência Multifocal ele esclarece assuntos e revela fatos que desafia nossa noção do funcionamento da mente humana. Ele discursa (entre vários outros assuntos) a respeito dos 4 grandes fenômenos universais a todo ser humano (três deles independentes à vontade e controle consciente do "Eu") que trabalham sinergicamente nos bastidores de nossa mente para produzir o fantástico mundo dos processos de construção dos pensamentos e da transformação da energia emocional e motivacional: O Autofluxo da Energia Psíquica, A Autochecagem da Memória, a Âncora da Memória e o “Eu”.

A respeito do fenômeno do Autofluxo da Energia Psíquica indica que nossa mente vive numa dinâmica constante e inevitável desde os primeiros pensamentos produzidos pelo feto até o fim da vida do ser humano, é impossível para nós interrompermos o fluxo de nossos pensamentos, pois o Autofluxo da Energia Psíquica atua independente à nossa vontade consciente, até mesmo a tentativa do vácuo de pensamento já é uma manifestação do pensamento.

A produção de conhecimento do escritor em relação ao fenômeno da Autochecagem da Memória procura desvendar que muitos dos pensamentos e emoções gerados nos bastidores de nossa mente são produtos de um fenômeno que atua clandestinamente lendo determinadas áreas da memória, sintetizando pensamentos e modificando o conteúdo de nossa emoção "sem que tenhamos autorizado tal atividade".

O discurso do escritor a respeito do fenômeno da Âncora da Memória procura abrir nossos olhos para o fato de que nem todo conteúdo de nossa memória está disponível para ser lido num determinado momento existencial, mas sim algumas áreas determinadas por esse fenômeno. Segundo o Dr. Cury, os deslocamentos da Âncora da Memória consistem na variável intrapsíquica de maior relevância em relação ao conteúdo de nossos pensamentos.

Em momentos e fases de vida de forte turbulência emocional a Âncora da Memória pode "travar" restringindo nosso acesso a “diversos arquivos existenciais”, nos tornando rígidos, pobres e pouco qualitativos em nossos pensamentos gerando não poucas vezes várias distorções na interpretação dos fatos e situações psicossociais.

O fenômeno do “Eu” pode ser definido como nossa consciência existencial do mundo que somos e em que estamos, em resumo, nossa identidade existencial, nossa consciência de nós mesmos. Aquilo que o nosso nome representa. O Eu, através do processo de interiorização existencial pode exercer um domínio no redirecionamento dos outros 3 fenômenos porém jamais interromper ou eliminar essa atuação. O Eu é ao mesmo tempo servo e líder do Autofluxo, da Autochecagem e da Âncora da Memória. Sem uma postura firme, apaixonada e determinada do “Eu”, nossa produção de pensamentos e emoções ficam entregues aos outros 3 fenômenos intrapsíquicos os quais têm a função primordial de financiar gratuitamente o funcionamento da mente, porém o
pensamento crítico, centrado em princípios humanísticos, é a responsabilidade
principal do “Eu”. Caso esse fenômeno não amadureça qualitativamente ao longo
do processo existencial, nossa produção de conhecimento pode ter muito pouca qualidade gerando todas as formas de violação dos direitos humanos.

Dr Cury também fala de outros temas: Os 3 tipos básicos de pensamento: Essencial, Dialético e Antidialético; As principais funções da memória; A virtualidade dos pensamentos conscientes e da consciência existencial que jamais conseguem atingir a verdade essencial; A verdade científica que busca incessantemente alcançar a verdade essencial sem jamais alcançá-la pois esta é inesgotável; A comunicação interpessoal mediada.

As 5 grandes fases do processo de interpretação; A constante busca do ser humano em produzir conhecimento e relacionamentos para fugir da “Solidão Paradoxal Inconsciente da Consciência Existencial”, que se manifesta na superfície consciente através da Solidão Emocional; Os processos de encadeamento distorcidos na construção de pensamentos; O fenômeno inconsciente da Psicoadaptação e vários outros assuntos decorrentes da atuação dos 4 grandes fenômenos que financiam a inteligência humana.


Fonte: http://www.vocevencedor.com.br

Imagens: google.com


Quem sou Eu e quem é o outro

O que eu sou para o outro

Será que nossa atitude interpessoal ou nossa postura social é sempre a mesma e constante nas diversas situações de nosso cotidiano? Será que nos apresentamos da mesma forma na praia e no velório ou no trabalho e no futebol? Não. Normalmente, e em nome do bom senso, devemos nos apresentar adequadamente às expectativas de nosso público, portanto, de alguma forma estamos quase sempre desempenhando algum tipo de papel em atenção aos nossos expectadores.

Para o sucesso social do ser humano há sempre uma imperiosa necessidade da pessoa se apresentar ao outro através de uma identidade pessoal adequada. Não se vai à praia com traje social e nem à um casamento de maiô. Embora isso seja democraticamente possível, corre-se o risco de uma internação psiquiátrica.

Vamos chamar essa postura versátil de adequação às diversas situações de nosso dia-a-dia de PAPEL SOCIAL. Estamos, pois, diuturnamente desempenhando algum tipo de PAPEL SOCIAL.

A função dos PAPEIS SOCIAIS está relacionada à própria identidade da pessoa em seu meio social, uma maneira desejável de se apresentar aos nossos semelhantes e assegurar uma identidade pessoal mais aceitável possível.

Podemos comparar esses Papeis Sociais à nossa própria roupa; ninguém será capaz de apresentar-se nu para seu meio social e, além disso, para cada circunstância social nos apresentamos com um vestuário adequado. Para irmos à praia escolhemos os trajes de banho e não uma roupa social e vice-versa.

Embora sejamos obrigados à adequar nosso vestuário às circunstâncias, continuamos sendo sempre a mesma pessoa; somos aquela mesma pessoa que se apresenta formalmente num jantar de gala e aquela que se apresenta descontraidamente na praia.

O vestuário é capaz de modificar nossa identidade para nossos observadores, de tal forma que, vestindo roupas sociais (terno e gravata) não somos considerados da mesma maneira como se estivéssemos usando apenas roupas íntimas, apesar de sermos a mesma pessoa. Somos exatamente o mesmo que esbraveja e ofende durante uma partida de futebol e aquele que se penitencia e ora na igreja, aquele que afere lucros e aquele que faz caridade.

O sucesso social da pessoa, tão glorificado pela nossa cultura, é conquistado na proporção de um bom desempenho artístico e, conseqüentemente, nossa aprovação social estará de acordo com a qualidade do personagem que oferecemos aos nossos espectadores.

Durante o correr do dia podemos desempenhar vários PAPEIS SOCIAIS; somos pai, filho, esposo ou irmão compreensivos e amáveis dentro de casa, somos motoristas arrojados no trânsito, empresários ardilosos no banco, compradores exigentes ou vendedores flexíveis na empresa e assim por diante. E nosso sucesso dependerá da fidelidade para com nosso personagem.

Normalmente conseguimos mais comida quando parecemos estar com fome do que quando estamos realmente com fome mas não aparentamos, teremos mais crédito quanto mais aparentarmos honestidade, seremos mais convincentes quanto mais parecemos conhecer aquilo que falamos. Tudo isso espelha o sucesso de nosso personagem.

Portanto, existir para o outro implica em desempenhar muito bem o PAPEL SOCIAL, implica em adequarmos nosso personagem ao anseio de nosso expectador. A pessoa que procura um médico, por exemplo, antes de chegar ao consultório já possui uma perspectiva de imagem do médico, mais precisamente, da postura do médico. O médico, por sua vez, terá maior sucesso quanto mais próximo estiver da perspectiva de seu cliente.

O que eu sou de fato

Sou, de fato, representante da espécie humana, tanto quanto o são todos meus semelhantes. Portanto, habita em minha personalidade todos os traços encontrados nas demais pessoas mas, apesar de não haver nada de especial em mim que não haja em todo mundo, a combinação desses traços em meu interior é que me faz uma pessoa única e exclusiva.

Se fosse possível listar todos adjetivos do ser humano, tais como lealdade, ambição, fraternidade, inveja, maldade, companheirismo, egoísmo, caridade, etc., veríamos que esses infindáveis atributos, independentemente de seus méritos e deméritos, existem em minha pessoa assim como em todas as pessoas.

Acontece que todos esses adjetivos combinam-se entre si para constituir minha particular personalidade, uns sobressaindo-se aos outros, alguns manifestando-se em quantidades diversas, uns permanecendo dormentes, enfim, todos arranjam-se de forma a tornar-me único.

Portanto, de maneira mais ou menos grosseira, para aprimorar nossa compreensão sobre o outro basta investigarmos nosso próprio interior. Alguns de nossos traços mais primitivos e instintivos são domesticados e se apresentam socialmente dissimulados através de nossos PAPEIS SOCIAIS.

A gula, a avidez, a sedução, a inclinação para a posse e o orgulho, por exemplo, podem ser perfeitamente domesticados e se apresentarão através dos mais variados subterfúgios sociais. Da mesma forma, a vingança, a ira e a crueldade podem vestir uma roupagem de justiça, assim como também, o sentimento de culpa e a inclinação à barganha com vantagens podem se traduzir em atitudes caridosas e filantrópicas.

Normalmente temos uma tendência em recriminar nos outros as coisas que não conseguimos ou não nos permitimos (o que dá no mesmo) fazer. Causa-nos profundo constrangimento e irritação observar nos outros a manifestação livre de alguns traços primitivos, os quais não nos permitimos usar. Entretanto, consultando nossa intimidade, veremos que possuímos também esses mesmos traços. Apenas não nos permitimos usá-los.

Diante da frustração de vermos nos outros atitudes que não nos permitimos mas que pululam dentro de nós, primeiro dissimulamos essa nossa incapacidade sob rótulos socialmente enobrecedores, tais como "prefiro ficar com a consciência tranqüila" ou "isso está moralmente errado", ou finalmente, "quero estar de bem com Deus".

Depois condenamos as pessoas que procedem dessa forma deplorável. Veja, por exemplo, nosso sentimento de rancor ao vermos, num congestionamento de trânsito, pessoas que passam pelo acostamento e nos deixam para trás. Torcemos para que encontrem um caminhão parado no acostamento que os impeça de prosseguir ou que tenha lá um policial austero e multe todos eles. O que queremos dizer é que existe também em nós a pulsão da vantagem sobre os demais, tanto quanto existe nas pessoas que fazem valer fortemente essa inclinação.

Finalizando podemos dizer que, de modo geral e excluindo-se as aberrações de nossa espécie, somos o mesmo que o outro, tão humano quanto ele, tão ávidos de prazeres, tão carentes de carinho, tão necessitados de bem-estar quanto ele e, se alguma grande diferença pode ser observada, é o fato de estarmos do lado de cá do balcão e ele do lado de lá. Nosso desconsolo é desesperador ante o sofrimento ou ante a morte desse nosso outro mas, inevitavelmente, entre uma lágrima e outra, acabamos pensando "antes ele do que eu".

Quem é o outro

Agora está bem mais fácil entendermos Quem ou O Que é o outro, mais precisamente, O Que o outro representa para nós. Soubemos que a realidade é representada, em todos seus aspectos, de maneira muito particular e íntima a cada um de nós através do capítulo "REPRESENTAÇÃO, PROCEPÇÃO E APERCEPÇÃO". Soubemos que há varias maneiras (categorias) de valorizarmos essa realidade através do capítulo "OS VALORES E A REPRESENTAÇÃO DA REALIDADE". Soubemos também como reagiremos emocionalmente e sentimentalmente à realidade (onde o outro está incluído) no capítulo "COMO REAGIMOS À REALIDADE".

Assim como os fatos, os eventos e os objetos, também as pessoas (o outro) farão parte da nossa realidade, ou seja, representarão algo muito pessoal e terão uma valorização muito pessoal para nós.

Muito embora as coisas da realidade, como o outro, os objetos e os fatos, possam ter um determinado valor intrínseco e objetivo, como é a cotação do ouro ou a autoridade do Papa, por exemplo, o real valor subjetivo (que realmente mais me interessa) só pode ser alocado ao objeto através do sujeito, ou seja, somente eu mesmo serei responsável pelo valor que atribuo às coisas.

De certa forma, em geral o outro representará para mim aquilo que eu permito. O outro representará uma ameaça, uma coisa boa, um adversário, um amigo, uma namorada, um cúmplice, um companheiro ou um concorrente na medida em que represento-o dessas maneiras. Portanto, compreendendo a questão como compreendemos agora, será incorreto dizer que fulano me irrita, me humilha, me agride ou me ameaça. O mais correto será dizermos eu me sinto irritado com fulano, eu me sinto humilhado, eu me sinto agredido ou ameaçado.

Há, evidentemente, situações onde a objetividade dos fatos é contundente e não deixa margem à dúvidas representativas. Diante de um assalto, por exemplo, aquela pessoa que está me apontando a arma representará, de fato, o assaltante, uma séria ameaça à vida. Assim como o chefe no emprego deve representar-me, obrigatoriamente, meu chefe. Entretanto, em alguns casos, o valor subjetivo representado pelo chefe pode ultrapassar seu suposto valor objetivo e, sendo assim, diante dele a pessoa acaba experimentando emoções e sentimentos tal como se estivesse diante do assaltante, diante de uma séria ameaça.

Voltamos a enfatizar que o valor atribuído ao objeto, nesse caso ao outro, emana e provem do sujeito. Antes então, há que se perguntar Quem ou O Que sou eu, esse sujeito que se depara com o outro e, depois disso, Quem ou O Que é esse outro em relação ao Eu; será maior, menor, mais forte, mais fraco, igual, semelhante, parecido, enfim, qual será o grau de comparação entre o Eu e o outro?





Por: Ballone GJ - A Realidade do Outro -
http://sites.uol.com.br/gballone/voce/outro.html

sábado, 24 de março de 2012

O masoquismo feminino

A expressão “masoquismo sexual” geralmente nos evoca crueldade associada a sexo: chicotes, algemas, flagelação – a necessidade de sofrer dor na mão do parceiro. Mas este é apenas o aspecto que chama a atenção e mais provoca curiosidade e não o mais comum, que é o resultado da influência de uma personalidade passiva, medrosa e sofredora na área sexual.

Embora tanto os homens quanto as mulheres possam ter passado por experiências que predisponham para a síndrome masoquista, ela é mais comum nas mulheres, porque nelas, elementos culturais reforçam continuamente este comportamento. Embora as mulheres tenham conquistado mais autonomia em relação aos seus destinos, e maiores oportunidades para a realização pessoal nos últimos anos, o masoquismo feminino continua atuando de forma destrutiva, puxando o tapete sob elas.

O problema do poder parece ser o centro do comportamento masoquista. É na família que a criança, inicialmente fraca e indefesa, toma o primeiro contato com medo do poder investido em outras pessoas. A mãe é grande e poderosa, e a maneira como ela exerce o seu poder nos cuidados com a criança é em grande parte responsável pela saúde psicológica do filho. Há muitas maneiras pelas quais os pais podem abusar de seu poder, além da agressão física. Se essas ações são repetitivas e continuadas, preparam o terreno para o masoquismo, minando a “confiança básica” da criança, aumentando nela a sensação de impotência e vulnerabilidade.

O terror é o gatilho de qualquer transação masoquista. Na verdade o masoquismo é um mecanismo de defesa que através do dano auto-infligido procura evitar ou extinguir a agressão, real ou suposta, vinda de outras pessoas. A essência do masoquismo é a autopunição e a submissão à outra pessoa, e o sofrimento estabelecido como estilo de vida. Não se trata de maneira alguma de sentir prazer com o sofrimento, mas sim de não conseguir identificar alternativas não dolorosas para seu comportamento. Como o masoquista repete os processos destrutivos e dolorosos a exaustão, comete-se o erro de julgar que isso possa lhe dar algum prazer.

Ao se conhecerem, um homem e uma mulher são praticamente iguais em relação ao poder. Mas, o equilíbrio pode pender rapidamente a favor de um deles se o outro é masoquista. Um dos dois (em geral a mulher) passa a entregar poder, e o outro, a recebe-lo. Á medida que o relacionamento progride, essa diferença vai se tornando cada vez maior, até que um prato da balança fica carregado de poder e o outro de fraqueza e medo do poder do outro.

Uma mulher que aceita demais, dá demais, que se mostra ansiosa e disposta demais, e tudo isso cedo demais, se coloca numa posição subordinada e deixa claro o pouco valor que atribui a si mesma. Desaba em cima do homem, revelando não ter senso de limites. Ao não reclamar, ao não impor seus limites e seus desejos desde o primeiro encontro, a mulher envia sua mensagem: “eu aceitarei tudo”; “não atrapalharei nada”; “farei o que você quiser”; “você é quem manda”. Não é difícil imaginar qual será a correlação de forças em pouco tempo.

As mulheres foram condicionadas para o papel de masoquistas, através da história e da aculturação e é na área sexual onde isso aparece com mais força. Até poucas décadas atrás as mulheres ainda chegavam virgens ao casamento, e essa ignorância e falta de experiência gerava uma sensação de não ter direitos no confronto sexual.

Todos agiam a partir do pressuposto de que cabia ao homem tomar as decisões sexuais, e às mulheres submeterem-se. Os casamentos baseavam-se mais na necessidade econômica e no desejo de progredir socialmente do que numa atração mútua que possivelmente existisse entre o dois. Era preciso agradar e conquistar qualquer homem que parecesse um bom marido em potencial – jamais contestá-lo. Esse pragmatismo afetou sensivelmente as reações sexuais das mulheres, desviando a atenção delas de suas próprias necessidades e sentimentos, voltando-a para a satisfação dos homens.

A pornografia é outra força cultural que continua reforçando a crença de que o papel sexual masoquista pertence às mulheres, por direito e merecimento. Os filmes e fotos pornôs geralmente apresentam a mulher servindo ao homem, exibindo dessa forma poderes desiguais, reforçando a idéia de que as mulheres não têm direito de dizerem o que querem na relação sexual.

A falta de desejo sexual na mulher é uma forte expressão do masoquismo sexual. É a incapacidade da reação devido a um medo generalizado dos desejos sexuais do outro. Medo de se impor e recusar o que o homem quer, medo de solicitar o que daria prazer a si própria.

Expressões mais brandas dessa síndrome destrutiva podem ser identificadas quando por exemplo, a mulher evita iniciar o ato sexual por temer que o homem pense mal dela ou a ridicularize; quando sente que não pode recusar, não importa como esteja se sentindo; quando teme solicitar carinho físico e brincadeiras amorosas antes do sexo; se não ousa solicitar uma determinada posição que prefere ou teme discutir anticoncepcionais ou questionar um homem sobre o uso de camisinha. Não que as mulheres devam fazer sempre as coisas ao seu modo, mas têm o direito de faze-lo em parte.

Poder-se-ia pensar que as mulheres não casadas deveriam ser mais livres e mais capazes de exercer a própria vontade na área sexual, mas não é o que acontece. Ao se vincularem sexualmente a um homem, acabam adotando os aspectos negativos do comportamento das casadas, negando a si prazeres sexuais com a mesma presteza das mulheres ligadas a seus parceiros pelo casamento, embora não tenham perante ele a menor “obrigação”.

A idéia de ser uma executante passiva, quase sem vida, do ato sexual está no cerne de grande parte das fantasias sexuais masoquistas femininas. As mulheres se imaginam amarradas ou contidas de alguma forma e portanto impotentes para se impor sexualmente ou sequer recusar o contato sexual. Isso decorre do mesmo sentimento de culpa e medo que a masoquista sente em relação à praticamente tudo na vida. Nesse caso, é culpada de desejos sexuais e teme confessá-los. Assim, a masoquista cria um longo caminho, através do qual foge à desaprovação, criando uma fantasia que a priva de sua própria vontade, não podendo assim ser responsabilizada pelo ato sexual. Ela seria a vitima do homem - desamparada, passiva, rendida.

As fantasias masoquistas têm outro elemento curioso e previsível - quase sempre apresentam a mulher imaginando como se fazer mais desejável e atraente para o homem, mas quase nunca analisando o que consideraria desejável nele. Não está se negando que a mulher deva despertar desejo no homem. O corpo é, de fato, o foco da atração sexual, mas há muitos outros fatores envolvidos que não são considerados, e isso interfere e obscurece o que as mulheres consideram excitante e sexualmente desejável para elas.

Na nossa cultura a maior parte das mulheres provavelmente sofre de alguma forma de masoquismo, pois são afastadas de suas próprias noções de reação sexual autêntica pelos meios de comunicação e por pessoas revestidas de autoridade profissional, que lhes impõem um determinado padrão sexual de aparência e comportamento a que devem aspirar. Para as que tentam adaptar-se aos padrões gerais os resultados são desastrosos, pois isso não é coisa que se possa ditar de fora.

O verdadeiro indicador da manifestação sexual autentica é o que se passa dentro da pessoa e para acompanhar o que se passa dentro de si mesma é preciso introspecção e consciência da própria individualidade. No passado não se acreditava que todas as mulheres deviam achar atraentes homens robustos e musculosos, nem se esperava que todos os homens reagissem de uma mesma maneira a um determinado tamanho e forma de seios. Uma mulher sabia se desejava ou não beijar determinado homem. Hoje, se ele tem uma certa aparência e se os dois se encontram numa determinada situação, ela presume que quer beija-lo e age conforme essa presunção. Tudo isso prepara o terreno para as sementes do masoquismo sexual. Cada vez mais as mulheres estão fazendo na área sexual, coisas que não querem, submetendo-se ao poder do parceiro ou parceiros e com isso perdendo sua autonomia sexual, ignorando os próprios sentimentos em conformidade com uma orientação que vem de fora.

O masoquismo se mantém através de um processo de realimentação. Uma mulher masoquista acumula feridas e quanto mais feridas ela junta, mais deteriora a imagem que tem de si mesma. E quanto mais diminui o seu auto-conceito, mais de forma masoquista ela se comporta.

Superar as tendências masoquistas é um desafio que exige muito trabalho, coragem e tempo. Mas o resultado é dos mais gratificantes que a alguém jamais conquistará.




Texto baseado no livro “Doce Sofrimento – o masoquismo feminino”
Por: Natalie Shainess
Imagens: google.com


Transformando as perdas na velhice

Transformando as perdas na velhice

Embora a velhice possa ser anunciada pela aposentadoria compulsória, pelo aumento da mensalidade do plano de saúde, ou pelo desconto no ingresso do cinema, muitas das perdas relacionadas a ela – como a da saúde, das pessoas queridas, de seu lugar na comunidade e na família, do status na sociedade, da mobilidade física, e finalmente de suas próprias escolhas - começam a ocorrer apenas muito mais tarde.

Atualmente, a velhice pode ser dividida em três faixas: “velho jovem” (de 65 a 75 anos); “velho médio” (de 75 a 85 ou 90 anos); e “velho velho” (de 85 a 90 ou mais...). Cada uma dessas faixas de idade tem suas próprias dificuldades, necessidades e também capacidades. Mas uma coisa é certa – embora boa saúde, bons amigos e uma boa conta bancária sejam elementos facilitadores na aceitação da velhice pelo próprio velho e pelos outros, é a atitude em relação ás perdas e a natureza dessas perdas que determinarão a qualidade de vida do indivíduo quando ela chegar.

Para algumas pessoas, cada limitação advinda com a idade significa uma humilhação, uma perda insustentável. Mas há também quem consiga ter uma visão menos negativa sobre o assunto, e é aí que está toda a diferença. Entre se ver como um semimorto e incapaz, ou em plena forma e capaz de tudo, existe a posição intermediária, que é ver claramente suas deficiências e tudo o que ainda se pode fazer apesar delas.

Embora a velhice não seja uma entidade isolada ou uma doença, ela traz inegavelmente um retardamento das funções físicas e um aumento de vulnerabilidades, que podem levar uma pessoa ativa e cheia de vida aos sessenta e cinco anos a literalmente se ajoelhar aos oitenta. Certas doenças orgânicas e irreversíveis do cérebro podem tornar uma pessoa dependente contra sua vontade. E mesmo que não sejamos atingidos pela artrite, pela doença de Alzheimer, por cataratas, doenças cardíacas, câncer ou derrame, somos lembrados todo o tempo, que estamos ficando velhos, através do aumento do número de frascos de remédios em nosso armário; quando passamos mais tempo procurando objetos perdidos do que fazendo uso deles; quando esquecemos o nome das pessoas e quando tudo demora mais para ser feito.

Mas, independente de estarem doentes ou saudáveis, pessimistas ou esperançosos, todos têm que enfrentar a visão preconceituosa que a sociedade tem da velhice. O conceito de “velho sábio” foi substituído pelo de que “quem é sábio não envelhece”, e é utilizado até o limite por aqueles que tem acesso aos mais modernos recursos para retardar o envelhecimento. E é difícil resistir a isso. Há uma internalização do preconceito, quando o grupo discriminado incorpora idéias e sentimentos negativos sobre si mesmo, se identificando com os valores do grupo que detém o poder e discrimina, que são os jovens adultos. E com os velhos acontece uma identificação dupla, pois o velho de hoje já foi um discriminador e lentamente mesmo sem sentir ou admitir, foi passado para o grupo discriminado.

Com exceções para Paulo Autran, José Mindlim, Fernanda Montenegro e outros poucos, a maioria dos velhos é tratada com pena ou condescendência.

Sexualmente são neutralizados pela mensagem silenciosa de que o desejo sexual na velhice é inconveniente, e são quase sempre obrigados a deixar de trabalhar quando ainda são “velhos jovens” e produtivos. Desistindo de sua sexualidade, o individuo desiste do prazer, da intimidade e conseqüentemente da maior auto-estima; privado de sua definição profissional e da justificativa social, o aposentado geralmente perde status e mais auto-estima. Quando se percebe que em todos os lugares os velhos são diminuídos de várias maneiras, fica cada vez mais difícil lutar contra todo esse processo. Mesmo para aqueles que aproveitam para viajar ou iniciar novos projetos, ou ainda passar mais tempo com a família, ou ainda trabalham em tempo integral voluntariamente, isso pode parecer inútil. Vivendo em uma sociedade que elimina do jogo da vida os seus velhos, aprendemos a compartilhar uma atitude de rejeição em relação a eles. E desde que, quem envelhece é visto, não pelo que é ou pode ser, mas pelo que não é ou não pode, fica difícil aceitar que evolução e crescimento podem ocorrer além da juventude e da maturidade.

Sem otimismo e energia para resistir a essa visão da sociedade, podemos não conseguir mudar o paradigma, e acreditar, bem antes de chegar lá, que aos sessenta e cinco anos estamos acabados.

No entanto, não existe consenso quanto a melhor maneira de envelhecer ou viver a velhice. Diferentes caminhos podem levar a uma alta satisfação na vida. Alguns continuam a manter uma vida ativa, substituindo por novos, relacionamentos e projetos que ficaram para trás; há também aqueles que substituem múltiplos interesses e participações na vida por um ou dois interesses especiais – netos ou jardinagem; e envelhecem bem alguns que aceitam as restrições de seu mundo, adaptando-se a elas, encontrando satisfação em uma vida de pouca atividade e isolada.

Há também os que mantêm com orgulho seus antigos hábitos e maneiras, mesmo diante do mais cruel golpe da idade; e ainda aqueles que nas ultimas décadas desistem da pose e do fingimento que se esmeraram em cultivar durante toda a vida.

De qualquer maneira, fica mais fácil enfrentar o envelhecimento se mantemos o espírito aberto e flexível o bastante para aceitar as perdas que virão sem dúvida, e se mantemos o interesse por pessoas e por projetos. Se desde a infância aceitamos o processo de amar e deixar partir, estaremos preparados para essas perdas finais. E essas perdas podem nos fazer perceber que é fundamental uma capacidade chamada de “transcendência do ego” – que se manifesta na capacidade de sentir prazer com o prazer dos outros; de nos preocupar com fatos não diretamente ligados aos nossos interesses; de investir muito de nós mesmos no amanhã, mesmo sabendo que não participaremos dos resultados. Seria como uma ligação com o futuro através das pessoas e de idéias, ultrapassando os limites pessoais, deixando algo para as gerações futuras. São os papéis dos avós, professores, mentores, reformadores sociais, colecionadores e criadores de arte, que assim mantêm uma ligação com aqueles que ficarão aqui, depois que partirem. Essa seria uma forma de construtiva de enfrentar a perda de nós mesmos, deixando um traço para as gerações futuras. Mas isso também pode ser feito quando há uma intensa ênfase na capacidade de viver o aqui e o agora. A velhice pode ser bem melhor quando o presente e o futuro são valiosos.

Contribuímos e continuamos a contribuir o tempo todo para o nosso próprio destino e a velhice não nos isenta dessa responsabilidade. Se nos comportamos de forma irascível, egocêntrica, fútil ou maldosa, temos que responder por isso. O modo como cada um envelhece é em grande parte preparado muito antes. Tudo o que um velho é hoje, com suas limitações, suas capacidades, e ainda seus potenciais, tem feito parte de suas crenças desde a infância e tem contribuído ao longo do tempo para o seu caráter na velhice – continuamos capazes, apesar de velhos, de crueldade, avidez, e más ações.

Existem aqueles que são e sempre foram serenos, alegres, cheios de vida tanto na juventude quanto na velhice. Mas, uma vez que os traços mais perturbadores podem ser acentuados pelas tensões que ocorrem geralmente mais tarde na vida, os maus podem ficar terríveis, os medrosos mais apavorados e os apáticos podem mergulhar numa semi-paralisia. Na velhice a pessoa é aquilo que sempre foi – só que mais intensamente.

Envelhecendo, o individuo continua a fazer suas escolhas de acordo com as suas necessidades estabelecidas já há muito tempo - envelhece de acordo com um padrão que tem uma longa história e que se mantêm consistentemente, com adaptações, até o fim da vida. As características centrais da personalidade vão se delineando cada vez mais claramente.

Porém, o homem nunca é um produto acabado – ele pode se refinar, se re-arranjar e se modificar mesmo nas últimas décadas de sua vida. Novas e importantes tarefas ou crises aparecem, possibilitando oportunidades para mudanças. A própria velhice pode dar origem a novas forças e novas aptidões não acessíveis em outras idades. Podemos adquirir maior sabedoria sobre a vida, maior liberdade, maior perspectiva e mais força. Podemos ter maior amor para com os outros, maior honestidade para conosco.

Pode haver também uma mudança no modo como são encarados os tempos difíceis da vida – de uma percepção sem esperanças para uma percepção de que as coisas podem melhorar, ou que poderia ter sido pior. E isso pode nos ajudar, não apenas a enfrentar as perdas cumulativas inexoráveis, mas também a crescer. E embora Freud tenha desaconselhado o tratamento psicanalítico para pessoas com 50 anos ou mais em seu texto “Sobre a Psicoterapia”, de 1904, é possível sim, mudar e crescer na velhice com a ajuda da psicoterapia.

Problemas emocionais iniciados ou intensificados pela idade como ansiedade, hipocondria, paranóia e especialmente depressão, podem ser aliviados, e transformações vitais podem acontecer, como, por exemplo, reconhecer o que não é mais possível, libertar-se das lamentações pelas mudanças indesejáveis e encarar a realidade como ela é. Isso traz novos interesses e atividades. Pode haver novos relacionamentos. O passado pode se tornar realmente passado, separado do presente e do futuro. Podem surgir sentimentos de serenidade, alegria, prazer e entusiasmo. A psicoterapia ajuda as pessoas idosas a recuperar o seu senso de auto estima, a perdoar os outros e a si mesmas; ajuda a encontrar novas adaptações, quando as antigas deixam de funcionar.

Alguns velhos sentam e esperam pela morte. Outros têm tantos projetos que não lhes sobra tempo para morrer. Alguns falam da morte, outros pensam na morte, alguns sofrem o suficiente para desejar a morte. E outros a negam, certos de que ela fará uma exceção no seu caso. Mas, em geral, os velhos não têm medo da morte – temem mais as condições em que ela possa ocorrer. Quanto mais plenamente se vive, menos se teme a morte. Porque a morte é uma certeza da vida, e quem tem medo de envelhecer tem é medo de viver.



”Quantidade e Qualidade de Vida”.
"Nova Velhice – Uma Visão Multidisciplinar"


Por: Judith Virost - no livro "Perdas Necessárias"
Fonte: http://www.tania.psc.br/artigos.asp
Imagens: google.com


A Realidade nossa e do outro (Parte III)

As Emoções

Não há dúvida que a conotação dos estados afetivos agradáveis e desagradáveis é, na realidade, bem mais ampla que as sensações do prazer e da dor, na acepção puramente sensorial. Os Estados Afetivos Sensoriais implicam numa representação mais íntima de prazer ou desprazer.

O amargo, por exemplo, é desagradável, sem ser necessariamente doloroso, o mesmo podendo suceder com as sensações de fome, calor, frio, sede, etc. Aspirar um fino perfume, ouvir um belo trecho melódico ou contemplar panoramas são representações agradáveis, sem que constituam prazeres físicos propriamente ditos, isto é, não se tratam de prazeres absolutamente localizáveis em algumas partes do nosso corpo.

Emoções mistas são aquelas que envolvem mesclas de estados afetivos internos contrastantes e que se distanciam do sensível orgânico. Por estados afetivos contrastantes entendemos o Conflito emocional consciente, com maior ou menor repercussão na conduta individual.

Estas emoções se compõem de estados afetivos de conteúdos vários e opostos, caracterizando uma representação da realidade sob o ponto de vista da angústia existencial ou, algumas vezes, da Angústia Patológica.

Para falar da Angústia temos de falar antes de sua origem; os Conflitos.

Para a manutenção de uma situação de equilíbrio entre o indivíduo e seu meio e, principalmente, entre ele e si próprio, é necessário um relacionamento harmônico entre o peso e a força de suas tendências, das possibilidades de seu Eu e das exigências de seu ambiente.

Nossas tendências dizem respeito àquilo que nós, de fato, queremos, as possibilidades do Eu são, realmente, aquilo que conseguimos através da performance pessoal de cada um e as exigências do meio são as regras, normas e padrões culturais, ou seja, aquilo que devemos.

Assim sendo, se fosse possível vivermos sem conflito, seria necessário uma perfeita combinação daquilo que queremos com aquilo que devemos, juntamente com aquilo que conseguimos. Como se vê, e se percebe consultando nossa intimidade, dificilmente estamos fazendo agora exatamente aquilo que queremos, nem sempre estamos desejando ou fazendo aquilo que devemos desejar e fazer e, muitíssimas vezes, não conseguimos fazer tudo o que queremos, ou mesmo devemos. Portanto, a plena harmonia dessas três forças interiores é incomum em nossa vida, logo, termos conflito é humanamente fisiológico.

As coisas que devemos dizem respeito ao conjunto de normas e regras oferecido à pessoa pelo sistema sócio-cultural. São os princípios éticos e morais que regem uma sociedade e nos ditam procedimentos e condutas. É o Super-Ego que argüi nossos atos, nossos pensamentos e até nossos sentimentos. As coisas que queremos são representantes de nossa natureza humana, são as pulsões, vocações e inclinações que atenderiam nosso bem estar, tal qual o Id, da teoria freudiana. Aquilo que conseguimos representa nossa própria performance como pessoa, seja emocionalmente, intelectualmente ou fisicamente, tal como o Ego, descrito por Freud.

Diante do conflito o ser humano experimenta a angústia ou ansiedade, portanto, sendo o conflito uma constante fisiológica na vida humana, também a angústia e a ansiedade permeiam diuturnamente a existência da pessoa. A adaptação vivencial à esses sentimentos (angústia e ansiedade) caracteriza o bem estar emocional e a saúde psíquica.

Ao se pretender boa adaptação da pessoa aos seus conflitos, indiretamente uma boa adaptação à sua angústia existencial e ansiedade fisiológica, não estamos querendo dizer que a pessoa deve conformar-se sempre diante de seus conflitos. Adaptação e conformismo são duas coisas diferentes. Na realidade a pessoa deve sim, estar sempre inconformada com a situação atual e, diante desse inconformismo, tentar fazer com que seu amanhã seja melhor que hoje.

Entretanto, se a pessoa estiver, além de inconformada, também desadaptada, ficará doente (sofrerá). Por isso dizemos que a desadaptação concorre para o sofrimento enquanto o inconformismo concorre para a melhoria das condições. Reclamar e não se conformar diante de uma situação indesejável e caótica de nossa vida é sadio e pode proporcionar iniciativas no sentido de melhorar alguma coisa, desadaptar-se à essa situação significa adoecer por causa dela.

Portanto, não interessa muito saber se a pessoa tem ou não conflitos pois, de certo os tem. Interessa sim, saber como ela reage à esses conflitos, como ela experimenta a angústia e a ansiedade, mais precisamente, o que ela faz com seus conflitos. Estando a Afetividade bem estruturada, as pessoas conseguem conviver bem e normalmente com seus conflitos mas, diante dos transtornos emocionais esses conflitos, sejam eles recentes ou antigos, passam a causar um grande incômodo. Na realidade o que se estuda na pessoa é sua sensibilidade aos seus conflitos; as mais sensíveis sofrem mais com eles.

Adaptação e Emoções

O fisiologista Cannon pesquisava sobre as finalidades adaptativas das emoções mediante modificações somáticas. Ao contrário, seu colega Pierre Janet não atribuía às emoções as atitudes e condutas adaptativas, mas sim aos sentimentos. Ao seu ver, as emoções desorganizariam a conduta.

A emoção terror-pânico, por exemplo, compromete profundamente as defesas racionais possibilitadas pelo sentimentos temor-receio-prudência.

Apesar disso, Janet reconhecia que algumas emoções possuem, de fato, finalidades adaptativas, principalmente quando a questão pode ser a sobrevivência.

Jean Paul Sartre sustenta a concepção de que as emoções representam uma resposta a determinadas situações e são, por isso, dotadas de sentido, pouco importando, a seu ver, se tal resposta é inadequada, ilógica, contraditória ou absurda, pois a emoção não tem por objetivo a real adaptação do ser vivo às circunstâncias, podendo inclusive ser nociva e até mesmo fatal à sua existência.

Assim, o desmaio ante um perigo iminente será um paroxismo emocional que acaba privando o indivíduo de toda e qualquer possibilidade de defesa racional. Trata-se aí, no dizer de Sartre, de um recurso mágico mediante ao qual, na impossibilidade de eliminar o perigo, suprime a consciência de sua presença e de sua significação no indivíduo.

É, portanto, uma emoção que, não apenas altera mas, suprime substancialmente e contundentemente a REPRESENTAÇÃO da realidade.Ainda sobre as emoções de pânico-terror, poderíamos dizer que elas conduzem à sintomatologia da Síndrome do Pânico por valorizar indevidamente como ameaçadora uma realidade originariamente não hostil, da mesma forma como a emoção de medo fóbico faz representar como estressante estímulos essencialmente inofensivos.

Esses exemplos mostram o prejuízo adaptativo de determinadas emoções.Tendo em vista a colocação sartrininana de que as emoções representariam uma resposta a determinadas situações, podemos supor, por exemplo, que as emoções de medo fóbico, ansiedade exagerada, pânico e terror seriam, pois, respostas à determinadas situações. E que situações seriam estas?

Talvez pudéssemos pensar em situações internas à pessoa, situações afetivas capazes de propor emoções tal como se tratasse de situações externas.

Conflitos e alterações afetivas podem se encaixar nessas condições internas.Adaptar-se ao nosso próximo significa, sobretudo, fazê-lo com base em sentimentos, mais que em emoções. É por isso que entre dois amantes a louca paixão costuma ser mais fugaz, apesar de mais intensa, que o amor, muito mais sublime.

A paixão é um tipo especial de emoção e designa um estado afetivo mais agudo, absorvente e tiranizante que estas. A paixão polariza a vida psíquica do indivíduo na direção de um objeto único, o qual passa a monopolizar os pensamentos e as ações, com exclusão ou detrimento de tudo mais.

Desde Aristóteles, vários pensadores ressaltaram o caráter de passividade e submissão da pessoa às suas paixões, quase sempre tidas por nocivas ou perigosas à razão, e contra as quais pouco se podia apelar através do autodomínio individual. Em oposição a isso, Santo Tomás encarecia a necessidade e possibilidade do ser humano derivar suas paixões para objetos bons e dignos.

Não obstante a opinião de Santo Tomás, Spinoza, Rousseau, Montaigne também viam nas paixões, apetites cegos e indomáveis, que entravam e perturbavam o entendimento, a reflexão, o raciocínio e o julgamento, arrastando o homem à violência, aos desregramentos, fanatismos, sectarismos e despotismos, com todas as suas conseqüências.

Além de ser fato que bons Sentimentos Anímicos (e Espirituais) costumam ampliar o grau de tolerância e compreensão necessário à aceitação e adaptação ao outro, também o inverso é verdadeiro, ou seja, poderá haver maior empatia do outro sobre nossa pessoa.

Em seu mais amplo sentido, a empatia é um processo que se manifesta como uma intencionalidade do sujeito sobre o objeto sob a forma de identificação emocional, fusão afetiva, interação anímica e espiritual. Este processo, tanto se refere a pessoas, coisas, objetos, experiências, natureza, arte, etc.

QUEM SOU EU

Apesar dos milhares de anos conseguindo se adaptar à natureza, sobreviver às intempéries, aos terremotos, aos animais ferozes, às epidemias e toda sorte de perigos, o ser humano ainda continua vítima daquilo que sempre lhe pareceu o menor dos perigos: seu semelhante e ele mesmo. É intrigante o fato de não termos conseguido dominar essas duas ameaças ao longo de toda nossa história. Não queremos dizer dominá-las no sentido de subjugá-las ou conquistá-las.

A questão se refere à dominá-las no sentido de não mais permitirmos que elas nos causem sofrimento. Talvez então, o mais correto seria pleitearmos integrar-nos harmonicamente à elas e não, propriamente, dominá-las.

Durante toda nossa história temos experimentado algum sofrimento, mágoa ou desencanto com nosso próximo e, não obstante, temos nos permitido sofrer, magoar ou desencantar na medida exata do quanto não nos conhecemos. Muitas vezes encontramos nas relações familiares, profissionais, sociais e de amizade barreiras e dificuldades para compreendermos nosso semelhante e por sermos compreendidos por ele.

A dificuldade em estabelecer comunicação satisfatória e desejável acaba gerando desarmonias de relacionamento, tornando nosso convívio interpessoal empobrecido, distante e difícil. Aliás, algumas vezes temos dificuldades em estabelecer, inclusive, um bom relacionamento conosco mesmo.

É possível que a causa principal de não termos logrado sucesso total no relacionamento interpessoal e conosco mesmos tenha sido subestimar esses nossos adversários. A grande dificuldade foi, talvez, devida ao fato de nossa biologia ter-nos feito seres gregários, portanto, incapazes de viver sozinhos e, ao mesmo tempo, seres egocêntricos, portanto, difíceis de viver bem com o outro: sozinhos não conseguimos viver e, paradoxalmente, com o outro também temos dificuldades. Mas, para compensar essa peça que a natureza nos pregou, fomos apetrechados de um atributo muito especial: somos capazes de mudar.

Por se preocupar com a pessoa, aliviando seu sofrimento e sua angústia, a psiquiatria reconheceu que só se consegue algum progresso propondo mudanças na pessoa e não no mundo à sua volta. Isso quer dizer que, diante da possibilidade de uma pessoa estar sofrendo mágoas ou frustrações produzida por outra pessoa ou por circunstâncias ao seu redor, melhor será pleitear que aquela pessoa não se magoe e nem se frustre ao invés de tentar agir nos outros e nas circunstâncias.

Antes de continuarmos será proveitoso saber que existimos nesse mundo de 3 maneiras diferentes. Numa primeira forma existimos como alguém que é para nós mesmos, ou seja, somos alguém para nós mesmos, portanto, representamos uma determinada pessoa para nossa própria consciência sob a forma de auto-estima.

Em segundo lugar, somos alguém para nosso próximo, ou seja, representamos um determinado personagem social dirigido aos nossos espectadores e, em terceiro, somos essencialmente e realmente alguém, muito embora sem termos, necessariamente, uma nítida consciência de como somos de fato e em nossa essência.

Por dedução devemos supor que nosso próximo também tenha uma existência tripla, ou seja, que ele possa ser alguém para si e segundo sua própria opinião, alguém para os outros, de acordo com aquilo que aparenta ser e, finalmente, alguém de fato e essencialmente humano.

No relacionamento interpessoal vamos estudar quem é esse Eu que vai se relacionar com o outro e consigo mesmo e quem é esse outro, que também vai se relacionar com o Eu.

O que eu sou para mim

Ser para nós mesmos significa ter consciência de nossa própria pessoa. Em resumo, diz respeito à nossa auto-estima. Sentir-se bem consigo mesmo, representar a nós mesmos de forma satisfatória é o ideal emocional.

Há alguns estados emocionais ou características de personalidade onde a auto-estima está prejudicada. No primeiro caso a pessoa ESTÁ passando por um momento onde, por diversas razões emocionais, sua auto-estima encontra-se depreciativa e no segundo caso, a pessoa tem um traço incômodo de personalidade que proporciona uma constante maneira de auto depreciar-se.

Hipoteticamente podemos exemplificar as conseqüências da auto-estima sobre a maneira de nos sentirmos diante das adversidades da vida da seguinte maneira: vamos imaginar nosso envolvimento numa briga de rua. Nosso medo, portanto, nossa ansiedade, será proporcional ao tamanho de nosso adversário.

O tamanho do adversário será sempre em relação à nós mesmos; maior ou menor que nós, é o que interessa. E como sabemos nosso próprio tamanho? A consciência que temos de nós mesmos é nossa auto-estima. Se nos sentimos fortes, grandes, competentes, saudáveis e espertos a ansiedade diante dos adversários será muito menor caso nos sentíssemos fracos, combalidos, frágeis, incompetentes, doentes, etc.

Ora. Sabemos que a ansiedade excessiva proporciona um estado de estresse suficientemente forte para comprometer seriamente a adaptação. Assim sendo, diante de uma auto-estima prejudicada, a adaptação ficará, também, seriamente prejudicada.

De um modo geral, quem ou o que eu represento para mim mesmo é determinado pelas Categorias Anímica e Vital de valorizar a realidade (veja acima), realidade da qual minha auto-imagem faz parte. Nosso estado de ânimo (Categoria Anímica - afeto) está diretamente relacionado às oscilações das maneiras como nos vemos, ora mais positivamente, ora negativamente, e o estado vital (Categoria Vital - personalidade) está relacionado à maneira mais constante de como nos representamos à nós mesmos.

O que eu sou para o outro

Será que nossa atitude interpessoal ou nossa postura social é sempre a mesma e constante nas diversas situações de nosso cotidiano? Será que nos apresentamos da mesma forma na praia e no velório ou no trabalho e no futebol? Não. Normalmente, e em nome do bom senso, devemos nos apresentar adequadamente às expectativas de nosso público, portanto, de alguma forma estamos quase sempre desempenhando algum tipo de papel em atenção aos nossos expectadores.

Para o sucesso social do ser humano há sempre uma imperiosa necessidade da pessoa se apresentar ao outro através de uma identidade pessoal adequada. Não se vai à praia com traje social e nem à um casamento de maiô. Embora isso seja democraticamente possível, corre-se o risco de uma internação psiquiátrica.

Vamos chamar essa postura versátil de adequação às diversas situações de nosso dia-a-dia de PAPEL SOCIAL. Estamos, pois, diuturnamente desempenhando algum tipo de PAPEL SOCIAL.

A função dos PAPEIS SOCIAIS está relacionada à própria identidade da pessoa em seu meio social, uma maneira desejável de se apresentar aos nossos semelhantes e assegurar uma identidade pessoal mais aceitável possível.

Podemos comparar esses Papeis Sociais à nossa própria roupa; ninguém será capaz de apresentar-se nu para seu meio social e, além disso, para cada circunstância social nos apresentamos com um vestuário adequado. Para irmos à praia escolhemos os trajes de banho e não uma roupa social e vice-versa.

Embora sejamos obrigados à adequar nosso vestuário às circunstâncias, continuamos sendo sempre a mesma pessoa; somos aquela mesma pessoa que se apresenta formalmente num jantar de gala e aquela que se apresenta descontraidamente na praia.

O vestuário é capaz de modificar nossa identidade para nossos observadores, de tal forma que, vestindo roupas sociais (terno e gravata) não somos considerados da mesma maneira como se estivéssemos usando apenas roupas íntimas, apesar de sermos a mesma pessoa. Somos exatamente o mesmo que esbraveja e ofende durante uma partida de futebol e aquele que se penitencia e ora na igreja, aquele que afere lucros e aquele que faz caridade.

O sucesso social da pessoa, tão glorificado pela nossa cultura, é conquistado na proporção de um bom desempenho artístico e, conseqüentemente, nossa aprovação social estará de acordo com a qualidade do personagem que oferecemos aos nossos espectadores.

Durante o correr do dia podemos desempenhar vários PAPEIS SOCIAIS; somos pai, filho, esposo ou irmão compreensivos e amáveis dentro de casa, somos motoristas arrojados no trânsito, empresários ardilosos no banco, compradores exigentes ou vendedores flexíveis na empresa e assim por diante. E nosso sucesso dependerá da fidelidade para com nosso personagem.

Normalmente conseguimos mais comida quando parecemos estar com fome do que quando estamos realmente com fome mas não aparentamos, teremos mais crédito quanto mais aparentarmos honestidade, seremos mais convincentes quanto mais parecemos conhecer aquilo que falamos. Tudo isso espelha o sucesso de nosso personagem.

Portanto, existir para o outro implica em desempenhar muito bem o PAPEL SOCIAL, implica em adequarmos nosso personagem ao anseio de nosso expectador. A pessoa que procura um médico, por exemplo, antes de chegar ao consultório já possui uma perspectiva de imagem do médico, mais precisamente, da postura do médico. O médico, por sua vez, terá maior sucesso quanto mais próximo estiver da perspectiva de seu cliente.

O que eu sou de fato

Sou, de fato, representante da espécie humana, tanto quanto o são todos meus semelhantes. Portanto, habita em minha personalidade todos os traços encontrados nas demais pessoas mas, apesar de não haver nada de especial em mim que não haja em todo mundo, a combinação desses traços em meu interior é que me faz uma pessoa única e exclusiva.

Se fosse possível listar todos adjetivos do ser humano, tais como lealdade, ambição, fraternidade, inveja, maldade, companheirismo, egoísmo, caridade, etc., veríamos que esses infindáveis atributos, independentemente de seus méritos e deméritos, existem em minha pessoa assim como em todas as pessoas.

Acontece que todos esses adjetivos combinam-se entre si para constituir minha particular personalidade, uns sobressaindo-se aos outros, alguns manifestando-se em quantidades diversas, uns permanecendo dormentes, enfim, todos arranjam-se de forma a tornar-me único.

Portanto, de maneira mais ou menos grosseira, para aprimorar nossa compreensão sobre o outro basta investigarmos nosso próprio interior. Alguns de nossos traços mais primitivos e instintivos são domesticados e se apresentam socialmente dissimulados através de nossos PAPEIS SOCIAIS.

A gula, a avidez, a sedução, a inclinação para a posse e o orgulho, por exemplo, podem ser perfeitamente domesticados e se apresentarão através dos mais variados subterfúgios sociais. Da mesma forma, a vingança, a ira e a crueldade podem vestir uma roupagem de justiça, assim como também, o sentimento de culpa e a inclinação à barganha com vantagens podem se traduzir em atitudes caridosas e filantrópicas.

Normalmente temos uma tendência em recriminar nos outros as coisas que não conseguimos ou não nos permitimos (o que dá no mesmo) fazer. Causa-nos profundo constrangimento e irritação observar nos outros a manifestação livre de alguns traços primitivos, os quais não nos permitimos usar. Entretanto, consultando nossa intimidade, veremos que possuímos também esses mesmos traços. Apenas não nos permitimos usá-los.

Diante da frustração de vermos nos outros atitudes que não nos permitimos mas que pululam dentro de nós, primeiro dissimulamos essa nossa incapacidade sob rótulos socialmente enobrecedores, tais como "prefiro ficar com a consciência tranqüila" ou "isso está moralmente errado", ou finalmente, "quero estar de bem com Deus".

Depois condenamos as pessoas que procedem dessa forma deplorável. Veja, por exemplo, nosso sentimento de rancor ao vermos, num congestionamento de trânsito, pessoas que passam pelo acostamento e nos deixam para trás. Torcemos para que encontrem um caminhão parado no acostamento que os impeça de prosseguir ou que tenha lá um policial austero e multe todos eles. O que queremos dizer é que existe também em nós a pulsão da vantagem sobre os demais, tanto quanto existe nas pessoas que fazem valer fortemente essa inclinação.

Finalizando podemos dizer que, de modo geral e excluindo-se as aberrações de nossa espécie, somos o mesmo que o outro, tão humano quanto ele, tão ávidos de prazeres, tão carentes de carinho, tão necessitados de bem-estar quanto ele e, se alguma grande diferença pode ser observada, é o fato de estarmos do lado de cá do balcão e ele do lado de lá. Nosso desconsolo é desesperador ante o sofrimento ou ante a morte desse nosso outro mas, inevitavelmente, entre uma lágrima e outra, acabamos pensando "antes ele do que eu".

QUEM É O OUTRO

Agora está bem mais fácil entendermos Quem ou O Que é o outro, mais precisamente, O Que o outro representa para nós. Soubemos que a realidade é representada, em todos seus aspectos, de maneira muito particular e íntima a cada um de nós através do capítulo "REPRESENTAÇÃO, PROCEPÇÃO E APERCEPÇÃO". Soubemos que há varias maneiras (categorias) de valorizarmos essa realidade através do capítulo "OS VALORES E A REPRESENTAÇÃO DA REALIDADE". Soubemos também como reagiremos emocionalmente e sentimentalmente à realidade (onde o outro está incluído) no capítulo "COMO REAGIMOS À REALIDADE".

Assim como os fatos, os eventos e os objetos, também as pessoas (o outro) farão parte da nossa realidade, ou seja, representarão algo muito pessoal e terão uma valorização muito pessoal para nós.

Muito embora as coisas da realidade, como o outro, os objetos e os fatos, possam ter um determinado valor intrínseco e objetivo, como é a cotação do ouro ou a autoridade do Papa, por exemplo, o real valor subjetivo (que realmente mais me interessa) só pode ser alocado ao objeto através do sujeito, ou seja, somente eu mesmo serei responsável pelo valor que atribuo às coisas.

De certa forma, em geral o outro representará para mim aquilo que eu permito. O outro representará uma ameaça, uma coisa boa, um adversário, um amigo, uma namorada, um cúmplice, um companheiro ou um concorrente na medida em que represento-o dessas maneiras. Portanto, compreendendo a questão como compreendemos agora, será incorreto dizer que fulano me irrita, me humilha, me agride ou me ameaça. O mais correto será dizermos eu me sinto irritado com fulano, eu me sinto humilhado, eu me sinto agredido ou ameaçado.

Há, evidentemente, situações onde a objetividade dos fatos é contundente e não deixa margem à dúvidas representativas. Diante de um assalto, por exemplo, aquela pessoa que está me apontando a arma representará, de fato, o assaltante, uma séria ameaça à vida. Assim como o chefe no emprego deve representar-me, obrigatoriamente, meu chefe. Entretanto, em alguns casos, o valor subjetivo representado pelo chefe pode ultrapassar seu suposto valor objetivo e, sendo assim, diante dele a pessoa acaba experimentando emoções e sentimentos tal como se estivesse diante do assaltante, diante de uma séria ameaça.

Voltamos a enfatizar que o valor atribuído ao objeto, nesse caso ao outro, emana e provem do sujeito. Antes então, há que se perguntar Quem ou O Que sou eu, esse sujeito que se depara com o outro e, depois disso, Quem ou O Que é esse outro em relação ao Eu; será maior, menor, mais forte, mais fraco, igual, semelhante, parecido, enfim, qual será o grau de comparação entre o Eu e o outro?



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Por: Ballone GJ - A Realidade do Outro -
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A Realidade nossa e do outro (Parte II)

A Representação da Realidade

Os Valores e a Representação da Realidade

Nossos sentimentos experimentados diante dos fatos e das pessoas, sejam eles empáticos, apáticos ou antipáticos, por exemplo, sejam eles de prazer ou de desprazer, de felicidade ou tristeza, etc., dependerão dos valores que atribuímos à realidade. Esses valores, entenda-se, serão sempre uma atribuição do sujeito (capaz de atribuir valores) e não do objeto. Os objetos não se auto-atribuem valores.

Portanto, a representação da realidade, de fato, repousa na capacidade da pessoa atribuir valores, isso é o mesmo que construir uma concepção ontológica individual do real. Segundo o filósofo Nicolai Hartmann, existiriam quatro categorias de valorização possíveis de atribuir-se à realidade no sentido de construir-se uma representação pessoal da existência. Seriam os valores materiais, vitais, anímicos e espirituais . Cada uma dessas categorias necessitaria da anterior para existir e cada uma delas procura se emancipar da anterior.

Para estudarmos as Alterações da Representação, como propõe esse capítulo, teríamos que avaliar as eventuais alterações nessas quatro categorias de valorização do real. Vamos pensar em cada uma dessas categorias separadamente, apesar de sabermos que em nosso interior todas quatro estão intimamente e dinamicamente atreladas umas às outras.

Categoria Material de Valorizar a Realidade

Com a categoria material nos referimos ao corpo, ao fisiologismo da senso-percepção, ao componente neuro-psico-biológico necessário para o contacto primeiro com o mundo que nos rodeia. Construir a realidade a partir do orgânico humano implica na integridade dos órgãos dos sentidos, na integridade das vias nervosas sensitivas, na integridade do Sistema Nervoso Central (SNC) e, principalmente, na capacidade integradora desses estímulos no SNC. Estamos falando das habilidades senso-perceptivas e de suas variações.

A representação da realidade, baseada na categoria material de conhecer o mundo, se dá através da percepção e da sensibilidade perceptiva que a pessoa tem da realidade consciente, anteriormente através dos estímulos que apreendemos pela primeira vez, em seguida, através da transformação dessa percepção em realidade consciente e, por fim, através das percepções posteriores à realidade consciente, onde entram em ação as capacidades de memória, de representação e de integração do SNC.

Sendo diferentes as constituições orgânicas entre as pessoas, diferentemente valorizarão a realidade sob o ponto de vista material (orgânico). Assim sendo, não devemos pretender que uma melodia, uma pintura, um estilo arquitetônico, um requinte culinário, uma paisagem, uma temperatura ambiente ou uma flor sejam igualmente valorizados entre diversas pessoas, nem pretender que nosso próximo valorize qualquer evento da mesma forma como o valorizamos.

Categoria Vital de Valorizar a Realidade

A pessoa aqui e agora pode ser entendida como uma resultância daquilo que ela trouxe ao mundo com aquilo que o mundo lhe deu (fenótipo = genótipo + ambiente). Na categoria vital de valorizar a realidade interessa aquilo que a pessoa trouxe ao mundo, ou seja, seu perfil vital, diga-se, seu perfil personal, diga-se ainda, a constituição básica de sua personalidade. Kurt Schneider se utilizou desse sistema, em seu livro Psicopatologia, para apoiar a idéia das Depressões Vitais, dentro das Alterações Depressivas do Humor.

Segundo Schneider, essas depressões vitais seriam estados afetivos (depressivos) originários do interior da pessoa, de sua sensibilidade afetiva constitucional. Assim como existem pessoas constitucionalmente introvertidas, existiriam também aquelas constitucionalmente mais sentimentais. Através desses sentimentos vitais a realidade teria uma representação pessoal que ultrapassa o meramente real e concreto. Ela estaria atrelada à valores afetivos e sentimentais.

As concepções pessoais da realidade e os sentimentos determinados por nossa categoria vital não seriam baseados exclusivamente em situações reais. Em psiquiatria, quando um sentimento é conseqüente à uma situação real e de fato, chamamos de reativo (em reação à...). A depressão associada à situações reais seria uma Depressão Reativa, ou seja, uma reação depressiva à algum evento desencadeante. É o caso, por exemplo, dos sentimentos depressivos que experimentamos diante de perdas concretas.

Outras conseqüências emocionais à situações reais seriam ainda o Transtorno de Ajustamento com sintomas depressivos ou a Reação Pós-Traumática ao estresse, quando então a pessoa reage à mudanças de vida e acontecimentos desencadeantes. Existem ainda, por outro lado, estados emocionais que valorizam situações imaginárias, representado por exemplo, pela Neurose Depressiva ou, como se prefere atualmente, pelos casos denominados de Distimia, mais leves, ou pelo Episódio Depressivo Leve.

Fossemos adequar essa categoria vital de valorizar a realidade na teoria jungueana , possivelmente encaixaríamos aqui os tipos psicológicos introvertido e extrovertido. Os introvertidos são pessoas que se relacionam centripetamente com o mundo objectual à sua volta, apreendem os objetos, refletem mais do que agem, recebem a realidade mais reservadamente (dando a falsa impressão de apatia e indecisão), tendem à maior complacência, percebem significados simbólicos nas coisas... Enfim, são o contrário dos extrovertidos.

Os extrovertidos, também de natureza vital, são centrífugos, se deslocam e influenciam o mundo objectual, são mais voltados para ação, se entusiasmam mais facilmente, experimentam com intensidade os estímulos externos. Desta forma, não podemos pretender que uma pessoa extrovertida valorize a realidade da mesma forma que outra introvertida. E mesmo dentro dos introvertidos não podemos pretender que existam duas valorizações da realidade exatamente iguais, sabendo de antemão que a sensibilidade pessoal de cada um é diferente, apesar de serem ambos introvertidos.

É por causa dessa maneira vital de valorizar a realidade que não podemos pretender estabelecer rígidos critérios para que o outro perceba e valorize os fatos da mesma maneira como o fazemos. De nada adiantam os conselhos, bem intencionados, é claro, sobre como fulano deveria estar se sentindo diante de um determinado problema. Nossos conselhos e opiniões são baseados naquilo que sentiríamos caso estivéssemos expostos ao mesmo tipo de situação, entretanto, absolutamente, isso não quer dizer nada.

Categoria Anímica de Valorizar a Realidade

Considerando o que foi dito antes, sobre a pessoa aqui-e-agora ser entendida como uma resultância daquilo que ela trouxe ao mundo com aquilo que o mundo lhe deu (fenótipo = genótipo + ambiente), para a categoria anímica de valorizar a realidade interessaria a pessoa aqui e agora (fenótipo). O humor, responsável por esse tipo de valorização da realidade seria o estado afetivo e emocional atual no qual se encontra a pessoa. Este estado de humor atual tem em sua base, tanto os elementos constitucionais responsáveis pelo perfil afetivo de cada um (sensibilidade da personalidade), quanto os resultados da ação do destino pessoal de cada um. Vale aqui o ditado segundo o qual "cachorro mordido de cobra tem medo de lingüiça".

Avaliar a realidade sob o ponto de vista anímico implica em impregná-la com a tonalidade afetiva da personalidade, entendendo-se por personalidade uma constituição dinamicamente atualizada. Enquanto a categoria vital confere uma maneira perene e continuada de se relacionar e valorizar o mundo, a categoria anímica é dinâmica. Exemplo disso são as mudanças de valores durante a vida de uma pessoa, ou mesmo durante um mesmo dia de sua vida, dependendo de seu estado de humor. Pequenas variações anímicas são possíveis ao longo dos dias ou das horas, grandes e sólidas variações anímicas se dão ao longo dos anos.

Para a psiquiatria esse tipo de valorização decorre da sensibilidade afetiva pessoal e circunstancial. Não se trata apenas da valorização baseada na constituição vital de cada um mas, sobretudo, na valorização momentânea e pessoal das situações reais e imaginárias baseada na tonalidade afetiva e sentimental do momento.

Outra peculiaridade da categoria Anímica é a eventual e substancial mudança dessa modalidade de se valorizar a realidade ao longo da vida. Segundo a teoria jungueana, podem ocorrer grandes mudanças na valorização da realidade durante nossas vidas. Essas mudanças de valores e conceitos, de acordo com Jung, costumam acontecer, normalmente, depois dos 30 anos de idade para as mulheres e dos 40 para os homens. É quando ocorre a passagem da fase chamada natural para a fase cultural de nossa vida. Por esta ocasião os valores sofreriam grande e substancial alteração; muito daquilo anteriormente importante deixa de sê-lo e vice-versa.

Dentro do aspecto anímico de valorizar a realidade teríamos as diferenças de valoração de um mesmo problema por diversas pessoas, já que cada qual estaria representando a realidade com humor (ânimo) diferente ou, para ser mais contundente, teríamos até diferentes maneira de valorizar um mesmo problema em dois momentos diferentes numa mesma pessoa, dependendo de seu estado atual de humor.

Os problemas e as adversidades serão enfrentados de maneira muito diferente entre uma pessoa atualmente insegura e outra segura de si, entre uma pessoa otimista e outra pessimista, entre uma pessoa estável e outra ansiosa e assim por diante. Estando uma pessoa estressada, esgotada ou deprimida a valorização da realidade se dará de forma muito mais sofrível e ameaçadora, os problemas terão dimensões muito mais traumáticas, os desafios terão perspectivas muito mais sombrias.

Categoria Espiritual de Valorizar a Realidade

Avaliação espiritual da realidade é aquela que mais se afasta da realidade objetiva, assim como teria tendência em afastar-se também das influências sensitivas, vitais e anímicas. Essa irreverência espiritual para com a realidade objetiva não reflete uma atitude fantasiosa, como acontece no mundo mágico da criança. Trata-se, sim, de um encontro especial de significações para os aspectos mais abrangentes da vida, da existência e até do não existir mais.

Alguns pensadores associam à categoria espiritual de valorizar a realidade os elementos relacionados à Angústia Existencial. Esta Angústia Existencial seria patológica à medida em que se traduz em ansiedade antecipatória, à sensação de abismo, solidão, desconhecido... e seria normal ou fisiológica sempre que servisse à ampliação da consciência que temos do mundo e da vida.

Os sentimentos espirituais são aqueles que tendem para a valorização intelectual, estética, moral e religiosa. A categoria espiritual de valorizar a realidade diz respeito ao modo de ser e de vir-a-ser no mundo, bem como avalia a relação entre o ser e a vida. É aqui que se polariza a questão existencial mais importante do ser. Esta base de sustentação existencial deveria proporcionar conforto e bem estar, entretanto, na sua falta ou enfraquecimento, a ansiedade torna-se opressora, a angústia se exacerba e há retorno para categorias inferiores de valorização da realidade. Volta-se a questões afetivas, constitucionais ou exclusivamente materiais.

Há um ditado, segundo o qual, "quem está bem consigo não se deixa perturbar pelos demais". Esse seria o exemplo da pessoa espiritualmente bem. Essa pessoa teria plena consciência de seu ser e, portanto, não se perturbaria com eventuais opiniões dos demais à seu respeito; não se sentiria diminuído ou humilhado, nem glorificado e exaltado pois, como dissemos, teria plena opinião à respeito das dimensões de seu ser, independentemente das adulações e contrariedades ambientais.

O desenvolvimento da valorização espiritual pode, com freqüência, atenuar alterações mórbidas determinadas pelas outras categorias inferiores e, em casos patológicos, pode determinar profundos sentimentos depressivos, tendo como pano de fundo a angústia patológica. Evidentemente trata-se, a valorização espiritual, da maneira mais eficiente para a adaptação do ser ao seu mundo e à sua vida.

Emoções e Sentimentos

Inicialmente há necessidade de especificar o que são Emoções e o que são Sentimentos. Emoções são complexos psicofisiológicos que se caracterizam por súbitas rupturas de curta duração no equilíbrio afetivo, com repercussões consecutivas sobre a integridade da consciência e sobre a atividade funcional de diversos órgãos.

Por outro lado, Sentimentos são estados afetivos mais duráveis, mais atenuados que as emoções em sua intensidade vivencial, geralmente revestidos de ricas e nobres tonalidades intelectuais e morais e não acompanhados, obrigatoriamente, de correspondentes sintomas orgânicos dignos de nota.

Admite-se que os sentimentos possam provir das emoções que lhes são cronologicamente anteriores e com as quais guardam correlações compreensíveis, quanto aos seus conteúdos respectivos.

As EMOÇÕES podem ser divididas em: Primárias, Secundárias, Mistas e Espirituais, conforme vão se afastando da sensação e se aproximando da espiritualidade. Há uma tendência biológica, portanto uma tendência animalesca, de fazer com que nossos sentimentos e emoções regridam à níveis inferiores sempre que houver ameaças concretas e diretas à sobrevivência.

Isso quer dizer que podemos regredir da cordialidade e polidez para a cólera ou estado de choque diante de uma ameaça brutal à sobrevivência.

Diz um ditado que "quando a miséria entra pela porta da frente a virtude sai pela janela". Pois bem. O que diferencia os seres humanos, já que todos temos esse potencial de regredir na escala das emoções, é o limiar além do qual cada um permite "sua virtude sair pela janela".

Como reagimos à realidade

Poderíamos chamar esse capítulo de INTERAÇÃO DO SUJEITO COM A REALIDADE, ou INTERAÇÃO DO SUJEITO COM O OBJETO. A todo contacto do sujeito com a realidade, seja esta realidade representada pelo outro, pelo fato, pelo evento, etc, haverá sempre por parte do sujeito uma reação à ela na forma de emoções e sentimentos. Esta reação esboçada pelo sujeito ao interagir com a realidade chamamos de Reação Vivencial.

Para entender melhor devemos considerar o que e como são essas Reações Vivenciais e, antes disso até, o que são, de fato, as Vivências. As experiências subjetivas acerca daquilo que vivemos, devidamente valorizado e particularmente representado dentro de nosso ser são as nossas VIVÊNCIAS. Estas são, então, nossos conteúdos conscientes dos dados perceptivos, representativos, ideativos e emotivos em nossa mente ou, de fato, o que estamos vivendo ou foi por nós vivido.

Perder o emprego, por exemplo, pode tratar-se simplesmente de um dado objetivo, quando consultamos seu significado no dicionário ou, por outro lado, pode tratar-se de uma Vivência, quando se trata de perdermos nosso emprego. Neste caso seu significado ultrapassa o dicionário porque está acontecendo conosco, fazendo parte de nossa vida, sendo representado particularmente em nosso interior. Neste caso então, perder o emprego tratar-se-á de nossa Vivência.

Assim sendo, Reação Vivencial é a resposta emocional ou sentimental a uma determinada vivência, ou seja, a maneira pela qual o aparelho psíquico reage às estimulações vivenciais. Um fato típico e fundamental é apresentado ao indivíduo e, a partir daí, determina uma experiência interna e subjetiva, individual e particular.

Tomando-se por base um FATO, considerado aqui um objeto, um acontecimento ou uma situação, ao ser experimentado por um ser humano passa a fazer parte de seu "eu", será, então, introduzido em sua consciência. Uma vez introjetado na consciência este FATO jamais ficará isolado do universo íntimo de cada um. Fará parte do dinamismo que compõe nosso ser e pertencerá, de alguma maneira, à nossa pessoa.

Qualquer que seja o FATO introduzido em nossa consciência receberá, sempre, um tratamento representativo e particular de cada um. Como vimos acima, há várias maneiras de valorizarmos a realidade (material, vital, anímica e espiritual), entretanto, em termos práticos, consideramos maneiras mais atuantes no cotidiano comum das pessoas a anímica e a vital. Ambas dizem respeito à tonalidade e estado afetivo, portanto, passamos a considerar o afeto como o principal elemento a atribuir significado e valor aos fatos (pessoas, objetos, eventos, etc).

Assim sendo, os FATOS serão sempre coloridos pela afetividade de cada um, tal como se passassem por óculos individuais que fazem cada um enxergar o mundo de sua maneira. Finalizando então, o FATO tratado pela Afetividade será chamado de VIVÊNCIA, algo individual e particular a cada um de nós, de acordo com as particularidades de nossos traços afetivos. Os FATOS podem ser os mesmos entre as várias pessoas, as VIVÊNCIAS porém, serão sempre diferente.

Como exemplo médico, podemos dizer que as VIVÊNCIAS são capazes de determinar uma resposta emocional, tal como um alérgeno é capaz de determinar uma resposta imunológica (reação alérgica). A estes sentimentos e emoções produzidos pela vivência podemos chamar de Reação Vivencial, tal como chamaríamos de reação alérgica as manifestações determinadas pelo embate alérgeno-imunidade. Para que uma Reação Vivencial possa ser considerada normal, Jaspers recomenda 3 ingredientes: uma relação causal, uma relação proporcional e temporal.

1 - RELAÇÃO CAUSAL

Não se concebe uma Reação Vivencial normal sem que haja uma vivência causadora. A mãe, por exemplo, tendo sido surpreendida por uma febre alta em seu filho durante a noite, dever reagir emocionalmente a esta "causa" com sentimentos de angústia, ansiedade, apreensão, etc, enfim, sentimentos dentro da expectativa da concordância cultural para este evento. A febre do filho é a vivência causadora.

Há pessoas, emocionalmente instáveis, capazes de manifestar uma crise de angústia, choro ou desespero diante da possibilidade de vir a ser demitido, de vir a perder seus pais, etc. Obviamente, tratam-se de possibilidades, entretanto, não é normal viver experimentando exuberantemente tais sentimentos antecipadamente. As pessoas portadoras de algum transtorno de ansiedade podem experimentar desagradáveis sentimentos de tensão muito antecipadamente, como se o evento futuro fosse tomado por ameaça, porém, tal aspecto ameaçador habita exclusivamente sua consciência e está de acordo com sua maneira de valorizar a realidade.

2 - RELAÇÃO PROPORCIONAL

Em situações normais, os sentimentos determinados pela Reação Vivencial devem guardar uma compreensibilidade e proporcionalidade com a vivência causadora, ou seja, o conteúdo da reação acha-se numa relação compreensível com sua causa. Essa compreensibilidade é mediada pela concordância cultural que se tem sobre as coisas. Utilizando o exemplo anterior, não devemos esperar que a mãe do filho doente e febril atire-se janela abaixo ou descabele-se histericamente diante da situação. Igualmente, não se espera que ela manifeste sentimentos de exaltação e alegria transbordante mas, será compreensível ela apresentar sentimentos de ansiedade, medo, angústia ou inquietação proporcionais à causa.

Na tentativa de buscar sempre um aperfeiçoamento e melhora na maneira de vivermos, devemos ter em mente a questão da proporcionalidade de nossas Reações Vivenciais. Assim como somos perfeitamente capazes de julgar a proporcionalidade das Reações Vivenciais dos outros, podemos também avaliar as nossas. Uma atitude proveitosa seria imaginarmos ser possível sairmos de nós mesmos e, tal como um espectador imparcial, observarmos como estaremos nos conduzindo diante de nossas Vivências.

3 - RELAÇÃO TEMPORAL

Em seu curso temporal a Reação Vivencial deve depender da permanência da Vivência causadora, esmaecendo e, finalmente cessando algum tempo depois de desaparecer a causa. Ainda usando o mesmo exemplo anterior da mãe com filho febril, sua ansiedade e angústia deverão desaparecer quando a saúde do filho for restabelecida. O mesmo acontece, por exemplo, em relação à ansiedade de determinadas pessoas, ao aguardarem o resultado de um exame laboratorial ou o atraso indesejável da menstruação. Tal sentimento dever desaparecer tão logo os resultados sejam satisfatórios.



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Para referir:
Ballone GJ - A Realidade do Outro -
Fonte: http://sites.uol.com.br/gballone/voce/outro.html